quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Le bal masqué

MÁSCARA
A Cesar (Revorêdo) o que é de Cesar (Revorêdo): depois de uma estréia, digamos, avassaladora, com muito qui-qui-qui na mídia, a Capitania das Artes baixou o fogo, enfrentou a concorrência desleal com a crise na saúde (municipal, estadual, nacional) e caiu na real.
Quase sumiu.
Por enquanto, bota as manguinhas de fora com o tal Carnaval Multicultural, na seqüência e conseqüência daquele homônimo iniciado por Dácio Galvão (que ninguém ainda desmentiu que vai para a outra fundação – a estadual).
A estréia oficial é hoje – ao menos enquanto “Abertura Oficial do Carnaval de Natal”.
Ângela Castro, Isaque Galvão, Khrystal, Luiz Gadelha, Mariângela Figueiredo, Rodolfo Amaral, Simona Talma, Sueldo Soaress e Valéria Oliveira – alguns dos artistas do projeto “sem perder o passo” – acompanham, logo mais, noite, o Baile de Máscaras do (Largo do) Atheneu.
Dosinho é o convidado especial.
CESTA BÁSICA
O CD “sem perder o passo” começa a ser vendido amanhã, no Carrefour.
O Nordestão, que tradicionalmente sempre valoriza os produtos da terra, bem que poderia se oferecer como mais um ponto de venda.
A Fiern – que há alguns anos inventou uma campanha-relâmpago “Compre que é daqui” – podia comprar uma centena. Pra distribuir entre os industriais gringos que nos visitam.
MARGARIDAS
Plínio Sanderson anuncia o segundo ano do Projeto CulturAplicada, do Colégio Ciências Aplicadas – a inauguração é hoje, com a exposição “Abstrações”, do artista plástico Eduardo “Dunga” Alexandre, e encenação do monólogo “Apareceu a Margarida”, com o ator João Antônio Vale e a direção de Rosana Resende.
De grátis. 19h.
POESIA
E, passado o “galvãonismo”, o mesmo Plínio, o mesmo Sanderson, dá uma mãozinha à turma da Funcarte nos preparativos para o fatídico Dia da Poesia – em março, como as águas jobinianas.
Os Poetas Elétricos será uma das atrações. Lula Queiroga, cotado inicialmente, entrou no corte dos recursos culturais, e não, não vem.
DOM
“Do infinito vale verde ao rio da água azul” é o título escolhido para a antologia que o Sebo Encarnado e Inácio Magalhães Sena, bispo de Taipu e ex-vendedor de cavaco chinês, lançam, em março, comemorando 71 anos de vida e mais um bocado de vida literária (em grande parte, do lado certo: como mestre-leitor).
Dom Inácio vale bem mais que as duas únicas obras autorais (“Agora lábios meus dizei e anunciai”, 1985, e “Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco chinês”, 2000). Ou são as duas únicas obras que valem mais que muitas bibliografias ativas que rondam por aí – quem se importa?
No primeiro livro, o homem foi ordenado bispo por uma quase multidão de bispos sagrantes (Leão, bispo de Roma; Agostinho, de Hipona; Ambrósio, de Milão; Helder Câmara, de Olinda e Recife; e, enfim, João XXIII, bispo de Roma e Sumo Pontífice).
No segundo, anotou no fim da página: “Eu sou uma invenção de mim mesmo, um analfabeto que forçando a barra se meteu no universo dos livros – o pior é que dele não saio e dele ninguém me tira. E quando tudo for apenas o passado, ficarei feliz se alguém disser: – Aquele gostou de livros!”
MADE IN BRAZIL
“Infelizmente, é assim que me encontro agora: indignada, descrente, e com vergonha de ser brasileira.” – da escritora Clotilde Tavares, que recentemente descobriu um “resíduo” do saldo devedor, junto à CEF, do financiamento da sua casa própria.
A casa de Clotilde é avaliada em cerca de R$150 mil, mais ou menos o que ela pagou ao final de 20 anos de prestações.
A Caixa diz que ela tem ainda cerca de R$ 450 mil a pagar. Não, não precisa pagar de uma vez, mas se ela optar em pagar em cem prestações o total sobe para quase R$ 900 mil.
Resultado: depois de três décadas a casa custaria aos bolsos da professora, aposentada da UFRN, mais de um milhão de reais.
Mas valeria pouco mais de 10% disso.
SEM TETO
Clotilde, claro, vai recorrer – mas está indignada com o que acontece com muitos outros mutuários: “Muitos são pessoas simples, que não conseguem entender direito os termos de um documento legal. Muitos já estão idosos quando chegam ao final do prazo de financiamento. Muitos são doentes, e têm câncer, diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca. Muitos são pessoas sozinhas ou com outro tipo de dificuldade. Mas todas são pessoas que acreditaram no governo, que passaram a vida – como eu também – fazendo sacrifício para honrar seus compromissos e para ter sobre a cabeça um teto que lhes garantisse a segurança na velhice.”
ERRAMOS
Email da assessoria de imprensa da Fundação Zé Augusto, enviado ontem, 9h18: “Caros colegas, na verdade, o Poticanto de logo mais [ontem], apresenta o show de Monte Neto homenageando Ronaldo Liberalino, com participação especial do irmão de Ronaldo, João Liberalino. Desculpem o transtorno e obrigada pela atenção.”
Então, tá.



PROSA
“Me levantei, tomei o báculo da loucura e a tiara da esperança e fui me lavar no Rio da Água Azul.”
Inácio Sena
Agora lábios meus...
VERSO
“Venho de tempos antigos.”
Hilda Hilst
“Venho de tempos...”

3 comentários:

  1. Caro Mário, seu blog está muito bom, e o acompanho com frequência. Parabéns pelo blog e pelo estilo insidioso das notas. Grande abraço!

    Cefas Carvalho

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  2. Caro Mário, tenho acompanhado seu blog, que visito com frequência. Parabéns pelo blog e pelo estilo algo insidioso das notas. Abraço!

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  3. valeu, cefas, é sempre bom ter algum feedback - e qdo precisar, critique tb

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