quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Outubros


Lá vem chegando outubro e outubro há de me querer bem, como já me quiseram bem outros outubros na vida. Não falei? É o claro mês dos meus anos, como agosto o era para Ferreira Itajubá. Mas, antes de outubro por força vem setembro, e para os crentes – ou mezzo crentes, que nem eu – o mês anterior ao aniversário é por vezes o período do “inferno astral”. Sobre o tal inferno – astral ou astrológico – não sei dizer muita coisa, não. Ao menos enrolar poderia, como o fazem os astrólogos, mais ou menos sérios que sejam, mas nem isso sei. E o que sei é básico: que é o período imediatamente anterior ao aniversário, onde tudo de ruim pode acontecer. Tipo assim: uma Lei de Murphy crônica, cotidiana, jornaleira, dia após dia. E a Lei de Murphy vocês conhecem: é aquela que diz que se algo pode dar errado, com certeza vai dar.

Exemplo clássico: a fatia de pão que sempre cai com o lado da manteiga, da geléia, pra baixo.

Sendo assim, durante o inferno astral acontecem coisas terríveis, pavorosas, infernais – verdade? Sei não. Coisas assim acontecem todos os dias, o ano inteiro. Deve ser, então, apenas sugestão – como quando alguém próximo a nós (ou nós mesmos, no caso das leitoras) está grávida e toda a gente que cruza nosso caminho também parece estar, com o barrigão empinado pelos ares, e o mundo parece inteirinho feito de bebês e de coisas de bebês, como carrinhos, sapatinhos, brinquedinhos, chupetinhas etc.

Voltando ao inferno, ele é mais que necessário – até como estratégia de marketing pra se vender a idéia de céu. Que seria dos prazeres do paraíso sem a comparação com as torturas do inferno?

O inferno, também, pode ser os outros – velho conceito daquele sujeito que flanou por Montmartre, braço dado com Simone de Beauvoir. O inferno sempre são os outros, né?

Mas o inferno pode ser também algo muito mais abstrato e relativo, até mesmo ausente, ou invisível, como na máxima: “Meninas boas vão para o céu, meninas más vão pra qualquer lugar”.

Ir pra qualquer lugar, então, pode ser uma maravilha, especialmente quando se está saindo do inferno astral.

Nos vemos lá.

*

Onda do bem

A padaria Pão & Companhia dá uma força na alimentação, a Roche doou um mirante e pranchas, pessoas físicas também ajudam, como as irmãs Mota, Ariane e Cristiana, que cederam uma casa onde acontece a parte teórica do projeto Surfistas do Bem (a prática é em Miami Beach, pés do Morro de Mãe Luiza).

Agora o projeto aparecerá na Globo, no programa Ação, de Serginho Groisman.

Pra surfar nessa onda do bem – e ainda olhar a quem – liguem para 3202.3441, 8717.1130 ou 9416.1630.

Escurinho

Logo mais (a não ser que você tenha acordado tarde, né?), nove da matina, acontece o lançamento do edital “Cine Mais Cultura” por estas ribeyras.

A idéia é criar 20 Cines Mais Cultura, especialmente em lugares onde não existam salas de cinema (zona rural e periferia das cidades). Os filmes são exibidos sem caráter comercial, o que inclui essencialmente, claro, filmes brazucas (de um acervo de quase 500 filmes).

Se interessaram? Vão lá no TCP, vizinho à Fundação Zé Augusto.

Pizza blues

Hoje à noite tem Black and Blues no Clube do Blues do Budda Pub. Querendo, se deixe acompanhar com um ou mais entre dez sabores de pizza pagando apenas R$ 10 – cada, vão se animando muito não.

Steven

O grupo teatral Facetas, Mutretas e Outras Histórias apresenta hoje e amanhã a peça “O bizarro sonho de Steven”. Na Associação Cultural do Bom Pastor, 19h, de grátis.

Beat it

Fãs e fanáticos por Michael Jackson, preparai-vos: o Moviecom anuncia a venda imediata de ingressos para o filme que mostra os últimos ensaios do moço antes de bater as botinhas. A estréia deve ser no final do mês e já anunciaram que o filme será exibido durante apenas 15 dias.

Por que? Marketing, claro.

Se brincar o pessoal da pirataria já tem o DVD. Com extras e tudo mais.

Canudo

O Carnatal – maior evento desta paróquia – inova: só se credencia para a cobertura (jornalística) quem possuir diploma – hoje em dia dispensável até nas melhores e piores casas do ramo.

Por que? Porque – explica a assessoria de imprensa – tem muita gente se dizendo jornalista e não é.

Ué: e eu pensava que a maioria desses tinha diploma, mesmo.

Prosa

“Ah, Deus, que esculpiste meu destino numa tora em brasa, que mais me pode esperar por ser eu tão má e desconcertadora das vidas alheias?”

Ana Miranda

Desmundo

Verso

“É por isso que a minha sonolência / abre-me, de par em par, os portões / que levam à estrela da manhã.”

Anna Akhmátova

“Os mistérios do ofício”

Um comentário:

  1. hahahaha. e eu nem queria rir (tanto assim). mas "canudo" me tirou da circunspecção que antecede a fome do meio-dia. Um beijo. S.

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