sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Rock é rock mesmo

Quem diria: a Assembléia Legislativa deste Ryo Grande viveu sua noite de rock’n’roll na última quarta-feira, recepcionando a turma do III Prêmio Rock Potiguar. Fico imaginando o que diria Cascudo do evento. Fico imaginando o que diria o Dr. Antônio José de Melo e Souza, aliás, Polycarpo Feitosa, nosso único político literato. E literário. E folclórico: não bebia, não fumava, tampouco jogava. Mas, não se preocupem: gostava muito de mulher. E como. Já falei sobre isso em outras colunas – e que os homossexuais não queiram me crucificar. Como, aliás, já fizeram com nossa conterrânea, Claudinha Leitte: em entrevista a uma drag queen (uma certa, ou um certo, Léo Aquilla), Claudinha foi dizer que não gostaria que Davi fosse gay. Davi é o futuro filho da nossa maior cantora (com o perdão de Robertinha Sá). Davi vem pro Carnatal. Na barriga da mãe, claro. Mas a partir de janeiro, provavelmente, fora dela. No colo. Quem sabe os novos vereadores não propõem a cidadania também pro filho da mãe? Quem sabe Davi não nasce antes do tempo, em pleno corredor da folia? Desde, claro, que tudo corra bem. Mas mamma Claudinha deve saber o que faz, em riba de um trio pra lá de elétrico, pulando, saracoteando, animando a plebe. A placenta da Claudinha deve ter isolamento acústico. Espero. Pro bem das orelhinhas do Davi. Mas, hoje, o sobrescrito tomou água de chocalho e não pára de escrevinhar, nem parágrafo concedi aos meus caros leitores – dois deles, com certeza, vão dizer de novo que consumi algo estragado. Parágrafo, pois:
Claudinha Leitte.
Pois, dizia eu, Claudinha foi responder ao tal Aquilla. E a resposta foi: “Não, não gostaria que Davi fosse homossexual” (os sítios de fofoca dão outra versão: “Adoro a comunidade gay, mas prefiro que meu filho seja macho”). Uau. De repente – não como nos versos, mas de repente, enfim – parte da comunidade gay subiu nas tamancas e ameaçou boicotar a cantora. Que, prontamente e irritadíssima, respondeu no seu blog:
“Queriam que eu fosse hipócrita para evitar o repúdio alheio? Vejamos, talvez eu devesse dizer que ‘sim’, ou devesse ter uma resposta preparada para cada circunstância parecida. Caso outro apresentador ‘seriíssimo’ me perguntasse sobre a questão, eu seria hipócrita e diria: Quero que meu filho seja gay. Isso evitaria um boicote e eu ficaria mais rica, não? Não me perguntaram se eu amaria meu filho ainda que ele fosse gay. Não. Me perguntaram em ‘tom Engraçado’, em clima de piada, se eu gostaria que meu filho fosse gay.”
Continua a moça, arretada:
“Vamos lá! Façam uma pesquisa sobre a minha vida, sobre a do meu marido. Sabem quantos amigos homossexuais nós temos? Perguntem a cada um deles se em algum momento os discriminamos. Volto a dizer que Jamais desrespeitei ou preconceituei qualquer ser humano. E defenderia os homossexuais caso fosse necessário, em função de serem iguais a mim. Somos todos humanos.”
Bom, chega de Claudinha Leitte, de Davi, de viadagem. Voltando para o Dr. Antônio e suas “idiossincrasias, restrições, antipatias” (palavras de Cascudo): o governador não gostava das danças modernas de antão. Nas festas do Palácio proibiu, vetou todas: ragtime, tango? Tsc-tsc. “Na festa de 19 de novembro de 1921”, a citação é de Cascudo, de novo, “o programa constava de valsas, pas-de-quatre e duas quadrilhas, marcadas em francês por Manuel Dantas”.
Daí que, quase um século depois, é bom saber que a Assembléia não discrimina mais a música “moderna”.
Não poderia ser diferente: o deputado Luiz Almir é seresteiro nato e confesso, e o deputado Leonardo Nogueira toca guitarra no grupo musical Os Tremendões.
*
MELHOR DE 5
A grande vencedora da noite de quarta, 26, pegando carona na 54ª Assembléia Cultural, foi a banda Seu Zé: levou cinco das quinze categorias premiadas – melhor banda de rock, melhor videoclipe, melhor CD, melhor vocalista de rock e melhor banda.
MELHOR DE 15
Hoje os Clowns de Shakespeare comemora 15 anos de muito barulho, teatro e agitação cultural. A comemoração vai ser no palco da Casa da Ribeira, às 20h, com uma apresentação do espetáculo “Muito barulho por quase nada”. Acompanha a encenação o lançamento de um libreto com depoimentos de 15 amigos do grupo.
15 + 1
Quando os jornalistas ouvem a palavra “cultura”, a Fundação Zé Augusto saca logo seu talão de cheques: termina hoje o prazo para quem quer disputar o Prêmio Rubens Lemos de Jornalismo Cultural. São cinco categorias, valendo R$ 3 mil cada, mais uma “café-com-leite”, para universitários, com premiação de R$ 1 mil.
Favor honrar o homenageado, inscrevendo e escrevendo coisas dignas do seu nome.
HOMEM DO POVO
Será inaugurada hoje a “Sala de Culturas Colaborativas Digitais Giovanni Sérgio”, iniciativa da Conexão Felipe Camarão, Zona Norte desta Capital. Às 15h30, no Largo da Cruz da Cabocla, Terreiro do Mestre Manoel Marinheiro.
Nunca na historia deste Ryo Grande, o fotógrafo esteve tão perto do povo.


PROSA
“A orquestra deu o sinal das danças, atacando com entusiasmo uma valsa ainda em moda.”
Polycarpo Feitosa
Gizinha
VERSO
“à noite solto da jaula
pumas
e paetês.”
Carito
“à noite solto...”

Um comentário:

  1. aí é fã de claudia leite viu. Dá pra saber mais sobre a moça aqui do que no "a tarde é sua" e na contigo
    kkkkk

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