sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Movimento C&A

Houve um tempo em que se caminhava e cantava e seguia-se a canção. Qual canção? A de Geraldo Vandré, claro, “Pra não dizer que não falei das flores”. Nariz-de-cera, óbvio, pra assunto que teima em mal-cheirar.

Vou falar de novo sobre a grande obra de Rodrigues Neto?

Vou.

Tem tanta gente falando bem da admirável Nova Natal da Gente, que não custa ser vozinha dissonante, junto a três ou quatro gatos pingados.

Pois.

O presidente da Funcarte – Fundação Cultural Capitania das Artes – assumiu, sem querer, a liderança de um novo movimento: o C&A. Nada a ver com a multinacional do varejo. A sigla aqui está para Cagando & Andando, Movimento Cagando & Andando do Ryo Grande sem Norte.

Mas, quem diria, Rodrigues Neto uma liderança.

Tendo em vista as demais, tá de bom tamanho.

O movimento C&A tem sido seguido por todos ou quase todos administradores. Questiona-se a frase infeliz do representante máximo da cultura municipal? A alcaidessa finge que não é com ela. Questiona-se se ninguém vai alertar para os perigos da gripe suína na “maior micareta do Brasil”? Nem uma palavrinha das administrações municipais e estaduais, secretarias de saúde, nenhuma sessão na Câmara e na Assembleia. A Destaque, promotora do evento, fica calada, caladinha. Não se deve ir contra os interesses, é a regra.

Cagar e andar, é o mote. Dístico. Brasão d’armas.

Cinco dias depois de expelir a frase histórica, o jovem Rodrigues Neto, 25 anos de jornalismo kultural, enviou carta ao Novo Jornal que divulgou sua filosofia peripatética aos quatro cantos desta City. (Pra economizar o tempo do rapaz, “peripatetikós” é palavra de origem grega, significa “dar uma volta, passear”, e remete aos discípulos de Aristóteles que ensinavam caminhando.)

Que diz Rodrigues Neto em sua missiva?

Dá aulas de jornalismo e confiança, oras. Primeiro explica o que é on e off – jargões jornalísticos – numa entrevista. O primeiro, on, é tudo aquilo passível de ser publicado; o segundo, off, aquilo que se diz mas não se quer que publique. Ancorado “na melhor das relações com todos colegas profissionais”, Rodrigues Neto assume o erro de ter confiado no interlocutor. Confunde coleguismo com coleguismo, pois.

Reclama ainda dos camaradas que, em outros veículos de comunicação, divulgaram versões “de forma depreciativa e injuriosa” sobre a sua pessoa. Precisa comentar? Quem falou que obra enquanto anda, ou anda enquanto obra, foi o próprio – fazer o quê? Se fulano de tal dos anzóis repete a expressão popular não é notícia. Mas se o presidente da Funcarte diz o mesmo é claro que é notícia. Nem precisa estar em nenhum manual de jornalismo, ainda mais nestes tempos em que o canudo de papel pouca serventia tem. Aliás, como bem lembrou o proprietário do Novo Jornal, em entrevista ao portal No Minuto, dia 7 último, “como tenho diploma, posso dizer que diploma aqui não serve nem pra limpar a bunda, porque não é absorvente”.

Jornal – jornalismo – serve pra isso mesmo, também: pra mostrar a merda que os personagens da notícia produzem, enquanto deambulam ou em seus tronos no ar-condicionado das repartições.

Quanto ao presidente, fica a lição: quem caga e anda termina pedindo penico.

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