terça-feira, 18 de agosto de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Rilder Medeiros

Cultura 150809

O convidado para o café desta manhã foi meu colega de bancos universitários, de um tempo quando se exigia do jornalista um diploma – no final das contas, besteira, talvez: Rilder Medeiros não precisou de diploma para inventar uma Feira de Livros, ou Festival Literário, ou que denominação que se queira dar para um encontro entre livros e sua razão de ser – os leitores. Ou futuros leitores. Ou vice-versa. Isso em plena Mossoró City, o que já é, aparentemente, uma ousadia – mais uma besteira: sempre ouvi de testemunhas que o público mossoroense é ávido por novidades e bastante participativo nos eventos que acontecem por ali (derna o tempo de Lampião, arriscaria dizer) – e bem mais que os nativos da Capital Oficial do Ryo Grande. Para comprovar essa diferença, este ano eu deveria estar lá. Não deu. Fica pro próximo, que com certeza já deve estar sendo pensado e planejado pelo jornalista que inventou levar “um mundo de livros para o sertão potyguar”.

UM MUNDO DE LIVROS NO SERTÃO POTIGUAR

Era fim de tarde do domingo. Caía uma chuva fina em Mossoró. Sob a lona de um circo, uma conversa solta sobre livros, literatura, ficção e inspiração, reunia dois amigos escritores sentados no tablado, trocando palavras e idéias com o público que os ouvia. Num pavilhão de mil e quinhentos metros, olhos de visitantes percorriam, ávidos, prateleiras em busca do livro não encontrado – quem sabe um título esgotado, ou um best-seller em promoção. Vendedores tentavam no grito atrair os derradeiros clientes, enquanto outros, mais apressados, já encaixotavam os livros não vendidos. Assim terminava a quinta edição da Feira do Livro de Mossoró.

A conversa entre Reinaldo Moraes e Mário Bortolotto encerrou o domingo e a programação da Feira que, mais uma vez, invadiu Mossoró com seus incontáveis livros, histórias, romances, contos, crônicas e poesias. Capital da cultura potiguar, e encravada em pleno sertão potiguar, Mossoró transformou-se durante seis dias num mundo de livros.

Alex Escobar, Marcelo Migueres, Aline Linhares, Andrea Costa, Ângela Rodrigues, Antônio Sartini, Antônio Francisco, Ariano Suassuna, Armando Negreiros, Caio César Muniz, Carlos Magno, Cefas Carvalho, Celicina Borges de Azevedo, Crispiniano Neto, Daniel Soares Brandão, Fabrício Carpinejar, Gilka da Mata, Guto de Castro, Índigo, Juliano Freire, Maria Anita Guedes, Mário Bortolotto, Mário Gerson, Milena Azevedo, Os Poetas Elétricos, Patrício Jr., Raimundo Antônio, Reinaldo Moraes, Rodrigo Levino, Rubens Lemos Filho, Salizete Freire e Sulla Mino. A invasão à Mossoró não foi apenas de livros. Mais de trinta autores lançaram suas obras e participaram de bate-papos com os visitantes.

Com públicos restritos ou espaços lotados, a Feira do Livro de Mossoró teve sua programação dividida entre o Circo da Luz, o Oi Café Literário, o auditório da Estação das Artes e o pavilhão dos livros. Ao todo foram 85 eventos dentro de um mesmo evento. Com todas as atividades gratuitas, os visitantes da Feira puderam participar de palestras, oficinas, assistiram a espetáculos de dança, teatro e música, ouviram contadores de história, recitaram em saraus e compraram livros... muitos livros.

A Feira do Livro de Mossoró é um projeto que busca, em meio a aridez do sertão e o desejo de evolução do homem, encontrar seu caminho, norteado por dois claros objetivos: estimular a leitura e a produção literária. Patrocinada neste ano pela Oi, Cosern, Banco do Nordeste, Prefeitura de Mossoró e Governo do Estado, através da Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura, a Feira tenta alcançar seus objetivos através da ação mágica de aproximar, surpreender e encantar as pessoas com o universo da leitura.

A Feira do Livro de Mossoró tem seus mistérios de encantamento. Para senti-los, só estando lá, como as milhares de crianças que, boquiabertas, passeiam em caravanas por uma avenida de livros. [Rilder Medeiros]

PROSA

“Ela sorri, ela diz que também ouviu e leu muitas vezes essa história, por toda a parte, em muitos livros.”

Marguerite Duras

A doença da morte

VERSO

“Deus improvisa.”

Carpinejar

“Sexta elegia”

 

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