sábado, 17 de janeiro de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Normando Bezerra

Aí vem o sobrescrito aqui neste espaço, onde costuma ser tão crítico com o alheio, e, vez por outra, troca alhos por bugalhos. Uma das últimas foi citar o Rei Roberto Carlos (e o príncipe Erasmo) em “Sua estupidez” (que ninguém me ouça que a prefiro na voz de Ná Ozzetti). Lá pras tantas a canção diz “Não dê ouvidos à maldade alheia e creia/ Sua estupidez não lhe deixa ver que eu te amo”.
Pois, eu coloquei alguns “motivos” em lugar de “ouvidos” – e Sigmund há de explicar.
Enquanto isso me escreve José Normando Bezerra, elogiando a citação, mas também me corrigindo, claro. O erro era tão visível que não precisou nem se apresentar como presidente do fã-clube “Além do horizonte”, desta Capital.
Ora, um presidente de fã-clube do Rei é lógico que tinha que ser convidado para este breakfast. Com vocês, pois, o “pauferrense, geógrafo, professor, ariano, serpente no horóscopo chinês, romântico, saudosista, católico-espírita, esotérico” – como ele mesmo se apresenta –, José Normando Bezerra (além de fundador de um bocado de agremiações: da torcida organizada do Alecrim FC – FERA, Fieis Esmeraldinos Radicais –, do Partido Verde do RN, da Confraria “1968 – o ano que vivi”, do bloco de carnaval Cheiro de Alecrim, em parceria com o amigo Edmar Viana, e, por último mas nem por isso menos importante, do fã-clube de Roberto Carlos, em Natal).
Paixões que o levaram a batizar as filhas como Mircela (“Alecrim” invertido) e Roberta (adivinhem em homenagem a quem).
O REI E AS MULHERES
Nos anos 90 li uma entrevista de uma colega de trabalho na qual ela afirmava que nunca assistiu a um show do cantor Roberto Carlos e que não tinha nenhuma vontade de assistir. Eu, que já participei de cinqüenta e cinco shows do Rei, pensei com meus botões:
– Puxa vida, um homem não gostar de Roberto Carlos até entende-se, mas uma mulher é difícil entender pelos motivos que agora passo para o leitor.
Roberto Carlos compôs e gravou ,em 1972, “Você é linda”, a mais bela homenagem que uma gestante já recebeu: “Você veio sorrindo não sei bem de onde/ Um jeito tão puro de quem no futuro espera/ O sorriso de alguém// Seu vestido sem curvas seu sonho guardando/ Eu fico pensando no dia que o sonho vier/ Sua vida enfeitar// Não sei quem você é nem de onde você vem/ Só sei que você é tão linda esperando neném/ Esperando neném”
Neste mesmo disco ele homenageia as negras na música “Negra”: “Ela é quente, quente, quente, como um dia de verão/ Como o sol que eu peço tanto/ Que me faça igual a ela/ Pra que eu viva junto dela/ Pra que eu tenha a mesma cor// Ah! Quem dera eu esquecer/ Da minha cor tão branca/ E me perder, nessa ilusão tão pura/ Nessa ilusão tão meiga, nessa ilusão tão negra”
Na década de 70 presenteou a cantora Gal Costa com o clássico “Meu nome é Gal”.
Em 1992 valorizou as baixinhas na canção “Mulher pequena”. No ano seguinte homenageou as gordinhas na música “Coisa bonita”: “Coisa bonita, coisa gostosa, quem foi que disse que tem/ Que ser magra pra ser formosa?”
Em 1995 foi a vez das usuárias de óculos. Em 1996 depois de muitos anos que o cantor Miltinho tinha gravado uma música para as mulheres de 30 anos, Roberto Carlos fez uma para as de 40: “Não quero saber/ Da sua vida, sua história/ Nem do seu passado/ Mulher de 40/ Eu só quero ser/ O seu namorado”.
Anteriormente o Rei já tinha homenageado as tias, as prostitutas, as psicanalistas, as meninas, as primeiras-damas, amantes, ciganas, mães, madrastas, amigas, cheirosas, namoradas, símbolos sexuais, senhoras, atrizes, e – a principal delas, a mais importante de todas – Nossa Senhora.
Algumas tiveram seus nomes em suas canções: Amapola, Rosa, Consuelo, Deusa, Maria, Laura, Zuzi, Linda, Candinha, Ana, Malena, Inês, Lili, Amélia, Lígia.
É por essas e outras que entendo que as mulheres deveriam ser gratas ao Rei e concordarem com a cantora Rita Lee quando ela diz que Roberto Carlos é um Boeing em terra de Teco-Teco. [José Normando Bezerra]



PROSA
“Era uma consideração da força mitológica da figura de Roberto Carlos, de sua significação como vislumbre do inconsciente nacional”
Caetano Veloso
Verdade tropical
VERSO
“Só ando sozinho
E no meu caminho o tempo é cada vez menor”
Roberto e Erasmo
“As curvas da estrada...”

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