sábado, 3 de janeiro de 2009

Retrospectiva “Adivinhe quem vem para o café-da-manhã”

A partir de abril, a coluna procurou, em suas próprias palavras, “inovar e pluralizar este espaço”, convidando alguém para escrever, a cada sábado, o que bem lhe desse na telha. Se o objetivo não foi alcançado, com certeza não foi por culpa dos muitos que aceitaram o convite – a quem, mais uma vez, expresso o meu muito obrigado.

ABRIL
“Ah, falo das impressões sobre o imediato, mas falo do que vem de há muito tempo, de temporadas que não são fáceis de recuperá-las na ordem da lembrança. Porque a memória não facilita muito, depois que a gente já deixou pra trás tantas coisas.” João Batista de Morais Neto

“Sabemos que um edifício histórico não sobrevive apenas com o tombamento e, muito menos, com reformas absurdas e irregulares.” Nilberto Gomes e Manú Albuquerque

“O fato é que um meio de criação poderoso como a poesia não precisa ser utilizado para transcrever a realidade. Um poema pode ser uma porta para outro mundo, no qual as sensações dão o tom das experiências e revelam o que não surge à primeira vista; nesse sentido, a poesia é também revelação, não do que vemos todos os dias, mas do que se esconde por trás de nossa consciência.” Ada Lima

MAIO
“Se a revalorização da figura da ‘praça seca’ se justifica diante da necessidade de espaço para absorver a enorme quantidade de pessoas gerada pelas paradas de ônibus, há que se considerar o sombreamento como necessário, devido ao clima de Natal.” Paulo Nobre, Isaías Ribeiro e Marizo Pereira

“filho de um desastre de vozes, como espelho e espanto. cantochão no palco onde fervilho o brilho de uma trilha. onde o meu poema esquarteja no coração da noite que me guia, os segredos dos dias, como o tear de um rascunho de rotas.” Carlos Gurgel

“A efeméride, evento, acontecimento, revolta, movimento, revolução – que nome queira se dar, ou se zombar –, fincou bandeiras que estão incorporadas à vida de todos nós. Não ‘é apenas um retrato na parede.’” Napoleão de Paiva

“Acostumada a ver as mini-saias recém lançadas por Mary Quant, usava raramente em Paris, por causa do frio. Quando saí em Lisboa, ouvi alguns ‘fiu-fiu’ e achei o povo muito careta. Desisti de entrar na igreja, antes que fosse barrada – ah, que saudade de Paris!” Rejane Cardoso

JUNHO
“Na verdade, mesmo, eu me esforço é para desacreditar, pois sei que vivo num paraíso, tão cheio de querubins, de anjos cantores cristalinos, de poetas vaticinadores de um mundo melhor que, às vezes, eu deito e consigo dormir.” Lívio Oliveira

“Todos nós temos, guardada na nossa memória, a recordação de um prato. Basta vasculhar essa memória para relembrar uma comida que preserva ainda aquele sabor inconfundível, que nos conforta a alma.” Soninha Benevides

“Não acredito muito em política do livro criada por lei. Isto é, só por lei. Muito mais se, de alguma forma, esconder por trás dos biombos da vaidade algum tipo de disputa entre poderes. O que se observa na nossa cultura política é que a independência dos poderes, na prática, é a indiferença entre poderes.” Vicente Serejo

“O bom comedor de caranguejo não precisa de colher nem garfo: sai quebrando com os dentes e mãos, sugando a carne na pressão da boca.” Abimael Silva

JULHO
“É o tempo que seleciona os grandes personagens: artistas, heróis, sábios, sobreviverão ou não a depender do significado do que trouxeram para os que ficam.” Ion de Andrade

“Mas o saudosismo é a fórmula ideal para rebuscar o passado em busca de reminiscências de um tempo perdido e que estão penduradas na parede da memória, como um quadro que ano após ano está ali, num registro memográfico, esperando que alguém o olhe, interprete e desenvolva o que ele tem a dizer.” Kolberg Freire

“Não pude compreender todas as suas multitudes. Não aprendi a amar como você amou - ou a ser amado como você foi – compreende? Negou-se-me a chance de aprender com meus erros – pois que a vida apreendeu-me, prematuramente, o professor.” Daniel Dantas

AGOSTO
“Por esse amor eu faria de um tudo, coisas certas e erradas. Cometeria desatinos. Passaria a semana inteira comendo carne vermelha. Jogaria latas de cerveja na rua pela janela do carro. Faria o caminho de Santiago a pé, subiria de joelhos a ladeira da Sé de Olinda, iria ao Juazeiro pagar as promessas que não fiz ao padre Cícero. Deixaria de beber, de fumar, de falar do próximo quando distante.” Márcia Pinheiro

OUTUBRO
“Quem torceu pelo amor de Lindemberg, quem acreditou que ele pudesse sair daquele prédio de mãos dadas com a ex-namorada esqueceu ou reforçou o tipo de cultura em que vivemos. Quem tratou aquele drama passional como se não tivéssemos, neste país e em todo planeta, uma gigantesca estatística de crimes de honra, de certa forma ajudou a puxar o gatilho que vitimou Eloá.” Analba Brazão

NOVEMBRO
“Cânfora, hortelã, um pouco de água e coisas que não sei o nome vão sendo entornadas pelo mexer do pincel. Vê-se Deus quando o frescor toma conta do rosto, parte a parte, depois de cada talhe certeiro da navalha. De repente a sensação de que o tempo não precisa correr naquele instante, como parece não ter corrido para a barbearia em si.” Rodrigo Levino

“Ouvi, menino, uma conversa de meu pai com um homem de quem se dizia ter sido do bando de Lampião. Ele negou, dizendo que não era do bando, pertencera a outro grupo, mas fora emprestado ao famoso Capitão. Depois de muita insistência do meu pai para saber de alguma característica maior de Virgulino, como, por exemplo, do que ele dizia com freqüência, ouvimos: ‘o Capitão sempre dizia, ‘eu quero é que ninguém nunca se esqueça de mim’”. Diógenes da Cunha Lima

“Numa viagem à Disney, com o meu filho, eu paro para comprar uma Minie para Sofia – aí ele pergunta, ‘mãe, para quem você vai levar essa Minie?’. E eu prontamente respondo, ‘lógico que para Sofia’; aí ele diz: ‘Você está ficando louca, Sofia é uma cadela, não é uma criança!’ Aí, não contei conversa: ‘Para mim ela é, mas se você quiser que eu compre um Mickey para você, eu compro’ – e ele: ‘Você pirou de vez.’” Soraya Sobral

“Vovó, em sua cadeira de rodas, com a paciência de uma santa, em vários momentos demonstrava suas emoções e víamos lágrimas brincando em seus olhos.” Lúcia Helena Pereira

DEZEMBRO
“Vocês devem estar cansados de ver tanto forasteiro invadindo sua praia, tanto prédio subindo, tanto carro engarrafando o trânsito, tantos sotaques pelas ruas: carioca, gaúcho, mineiro, paranaense, catarinense; sem falar nos estrangeiros... Mas vocês têm certa culpa pela invasão. Quem mandou tratar tão bem os visitantes?” Isabel Vieira

“Acho que poucos conseguem olhar com orgulho para o passado.” Paulo Laguardia

“O descaso de muitos educadores que atuam na rede pública de ensino tem como escusa principal o baixo salário, porém, nada me garante que um aumento, por mais significativo que seja, traga consigo o compromisso que estes devem ter com a sua profissão.” Cyntia Menezes

“Que nesse Natal só fique mesmo o que é autêntico, que traduza nossa alegria pelo nascimento do Menino, alegria pura como a água da fonte, correndo e cantando uma doce canção ao filho de Maria.” Maria Crinaura Dantas Cavalcanti

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