quinta-feira, 5 de março de 2009

A princesa Carola e a menina Coralina

Através dessas conjunções misteriosas e insondáveis assisti, ao vivo, segunda-feira passada, a entrevista de Carola, ex-princesa-Scarpa, no programa da mãe de Lucas Gimenez Jagger.
Fiquei com vergonha de dizer a quem me acompanhava que não eu sabia quem era a moça.
Besteira. O bom das celebridades é que são que nem a novela das oito: basta assistir um capítulo que você logo se inteira de todo o enredo.
Assim, durante quase uma hora, ou mais, acompanhei não apenas as aventuras do repórter do SuperPop – o programa de Dona Gimenez – pela famigerada “Rua do Salsa”, mas também trechos da exuberante biografia da Princesa Carola.
Inútil dizer que o que mais me chamou a atenção foi saber que ela flagrou o marido na cama. De quatro. Isso há muitos, muitos anos. A companhia, aliás, as companhias no “bed-in”, não eram do sexo oposto. Um escândalo.
O que prova que somos mesmo uma “Londres Nordestina”, como queria o pernambucano Jomard Muniz de Brito, ali pelos anos 60-70: fatos escabrosos assim acontecem a três por quatro por estas ribeyras e ninguém se escandaliza.
Depois, me chamou atenção, também, como a Princesa Carola defendeu a Cidade onde agora vive, especialmente os bairros de Capim Macio e Ponta Negra. Mais até que a si mesma, acusada que foi, pela equipe do programa e pelos fofoqueiros de plantão, de fazer programa – não o SuperPop, claro, mas a mais antiga das profissões, anterior, mesmo, à Hebe Camargo e aos blogueiros e blogueiras deste Arraial de Palumbo.
Ela disse que a rua mostrada na reportagem, em tintas sombrias, não era nenhum submundo, que por ali passeavam famílias, turistas, e – por que não? – profissionais do sexo a pagamento. Tal e qual nos Jardins Suspensos da Babilônia, ou seja, o bairro chique e de bem de Sampa.
LÍNGUA
A Princesa Carola assumiu que já fez programa. E que, como está na penúria, se rolar, além do carinho, um agrado, não se faz de rogada.
Não tem, a Carola, exatamente o physique du rôle das mulheres da vida. Pela tela da TV parece um tipo quase água-com-açúcar, os cabelos escorridos, sem maquiagens escancaradas, o corpinho mignon.
Gostei muito quando assumiu, com um risinho beirando a risada, que mal sabia falar português, quanto mais o inglês e o francês que os comentaristas do SuperPop lhe atribuíam, todos mui crentes que o conhecimento em língua estrangeira é sinal de cultura e boa formação.
Já a menina Coralina é personagem de filme homônimo inspirada em personagem de Neil Gaiman. Tal como a Princesa Carola, a menina descobre um universo paralelo, onde a vida se repete, aparentemente em melhores condições. E, lá pras tantas, descobre um objeto através do qual enxerga a realidade como realmente é.
Com Carola podemos dizer que acontece o contrário: depois do fim de caso e casamento com o tal Scarpa (“sapato”, em italiano), aparentemente sua vida piorou – sumiram dinheiro e amigos, fama e efervescência. Mas talvez esteja mais feliz fazendo programas eventuais, em vez de um fixo, como são muitas relações matrimoniais onde o dinheiro e a tradição pretensamente moralista imperam.
Quanto ao tal objeto para enxergar melhor a realidade, o Diário Oficial deste Ryo Grande bem que poderia indicar a compra de algumas dúzias – para secretários e políticos. Sem dispensa de licitação, claro.
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AMORÓDIO
No rastro da violência em Pipa, que culminou na morte de um sueco, é bom lembrar que está anunciada – ou prometida – para agosto a Feira, ou Festa Literária, sob o comando de Fernandes, Fernando, e assessorias de Levino, Rodrigo, e Medeiros, Alex.
Bem que poderiam convidar o expoente máximo da literatura, literalmente, marginal – Ferréz, autor entre outros de “Capão pecado”, sobre o cotidiano violento do bairro de Capão Redondo, periferia paulista, e do “Manual prático do ódio”. (Que não se animem os candidatos 2010: o livro é um romance – violento, mas um romance.)
REDINHA-PIPA
A turma da Pipa Literária insiste para Vicente Serejo lançar um livro durante o evento. Antologia de crônicas e tal. Por enquanto, o cronista da Redinha resiste.
BOOK SHOP
Enquanto isso, não vi em canto algum repercussão da matéria da revista Brasileiros, de janeiro, sobre Cíntia, a figuraça que há anos comanda a Book Shop da Pipa. Foram quatro páginas e muitas fotos.
Sobrevivente até de um incêndio, a Book Shop e sua líder bem merecem homenagem especial da futura Pipa Literária.
CORDÉIS
Cefas Carvalho anuncia para hoje o lançamento de dois cordéis: “As diferenças entre o homem farrista e o homem caseiro”, do próprio, e “Patativa do Assaré”, do poeta Abaeté. Na Casa do Cordel (Rua Vigário Bartolomeu, centro histórico), às 17h.
ORFEU
A Fundação Zé Augusto informa que hoje é o Dia Nacional da Música Clássica.
Daí que, naquele papo de democratizar o acesso à alta cultura, as portas do TAM se escancaram logo mais, a partir das 18h, para o público pagão entrar, de grátis, no território clássico.



PROSA
“Não mandes contra essas moças de capas de revistas: um corpo bonito pertence aos olhos do mundo.”
Mario Quintana
Da preguiça como...
VERSO
“A maresia corroeu a inocência
das meninas da Rua 25 de Dezembro.”
Nei Leandro
“As meninas da Rua...”

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