domingo, 15 de março de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Carlos e Fred Sizenando

[Cultura 140309 sábado]

Os irmãos natalenses Carlos e Fred Sizenando Rossiter Pinheiro ao relembrarem as histórias contadas pelo pai, encontraram a fonte de inspiração para escreverem, juntos, o primeiro livro, que deve ser lançado até maio de 2009. Quem quiser maiores informações pode ligar para o 3201.0111, preferencialmente à noite.

DOS BONDES AO HIPPIE DRIVE IN
A idéia inicial, que nos conduziu à concepção deste livro, surgiu do nosso desejo simples de registrar e compartilhar, com amigos e parentes, as histórias e fatos pitorescos envolvendo o cotidiano de pessoas da cidade do Natal, narradas pelo nosso pai, João Sizenando Pinheiro Filho. Papai era funcionário público e foi auxiliar direto do então tenente Ernesto Geisel quando este atuou como secretário geral e chefe da polícia do estado em 1931. Foi remador do Centro Náutico Potengi e viveu quase um século na capital do Rio Grande do Norte, convivendo com figuras humanas que caracterizaram a alma da nossa província. Papai era um apaixonado por Natal, sempre circulava na Ribeira e no Grande Ponto para conversar com velhos amigos. Tinha um bom acervo de jornais e fotografias antigas. Ainda crianças, nós o acompanhávamos, com especial interesse, embora nossa maior motivação, à época, fosse mesmo a passagem pela Agência Pernambucana de seu Luiz Romão, localizada na Ribeira, onde papai era obrigado a comprar nossos gibis.
Naturalmente, o projeto inicial evoluiu e passamos a enveredar também pelos períodos em que nós mesmos vivenciamos ou participamos da história.
Como na música de Oswaldo Montenegro, fizemos um esforço de memória para fazer uma lista de nossos amigos mais próximos, desde a infância até o período inicial na universidade. A partir desta lista, reencontramos alguns deles e passamos a recapitular detalhes da nossa infância e juventude. Também pesquisamos nos jornais, livros e revistas e entrevistamos pessoas que viveram em Natal em períodos marcantes.
O resultado disso tudo é o livro “Dos bondes ao Hippie Drive In”, onde tentamos abordar de forma leve e curiosa a evolução do cotidiano da nossa cidade cobrindo o período de 1915 até 1975. As mais de 350 fotografias inseridas – com contribuição de diversos colaboradores – consolidam o diferencial da publicação. Gostamos de repetir para nossos amigos que será um “livro pop”, quase um almanaque.
São sete capítulos, cada um contendo uma média de dez textos distintos: “Natal dos Bondes”, “Natal dos vôos transatlânticos e dos primeiros cinemas”, “Natal dos comunistas e dos americanos”, “Natal dos nossos pais”, “Natal da nossa infância”, “Natal dos gibis e do cinema Rex” e “Natal Pop”.
Na parte inicial é abordada a cidade no início do Século XX quando os bondes puxados a burros começavam a ser substituídos pelos bondes elétricos.
Figuras populares que caracterizavam o dia a dia dos anos 20 e 30 são descritas com apresentação de causos. As inaugurações do Estádio Juvenal Lamartine, do Cais do Porto e do primeiro sinal de trânsito na cidade são descritas e documentadas com fotografias.
Um capítulo especial cobre a história do cinema em Natal, desde a primeira exibição em um depósito de açúcar na Ribeira, no final do século XIX, passando pelas exibições do Polytheama e Royal Cinema.
Na sequência, os vôos transatlânticos dos hidroaviões provenientes da Europa e Estados Unidos, a recepção, os aviadores pioneiros. O incrível “raid” Natal-Rio numa pequena iole, os antigos carnavais, o surgimento da telefonia e as primeiras obras de saneamento da cidade, também são relatados.
Segue ainda o Levante Comunista de 1935, a vida em Natal durante a II Guerra Mundial, a Natal de Djalma Maranhão, o programa “De pé no Chão também se aprende a ler”, a participação da “Aliança para o Progresso” no governo Aluísio Alves, a revolução de 64, com destaque para as agitações dos estudantes do Atheneu.
Quem viveu os anos 50 e 60 em Natal vai se deliciar ainda com as crônicas envolvendo nossas recordações sobre a infância na Cidade Alta, Praça Pedro Velho e Jardim de Infância Modelo. Destaque especial para os jovens “cientistas” da Rua Felipe Camarão, que montavam pequenos foguetes para serem lançados na Praia do Forte e em Mãe Luíza.
No capítulo “Natal Pop” cobrimos principalmente os efervescentes anos 60 e 70, a geração “paz e amor”, o primeiro biquíni, a Sociedade Cultural Brasil-Estados Unidos (SCBEU), os primeiros surfistas, a agitação dos festivais de música Popular. Destaque maior para a história do Rock em Natal, com muitas curiosidades – como o Irmão Marista que financiou a primeira banda da cidade – e os principais conjuntos que fizeram a trilha musical de toda uma geração.
Aqueles que conheceram Jerônimo o Herói do Sertão, o Cinema Poti, as tartarugas da Praça Pedro Velho, o Sebo de Cazuza, as matinês no ABC, as “Anastomoses” no América e o “Hippie Drive In”, certamente não deixarão de se emocionar. E irão relembrar não apenas os fatos narrados, como também inúmeros outros momentos que facilmente se acenderão em suas mentes como um simples duplo clique para acessar algum arquivo de computador. [Carlos e Fred Sizenando]



PROSA
“Do passado, é minha infância que mais me fascina; somente ela, quando a olho, não me traz o pesar do tempo abolido.”
Roland Barthes
VERSO
“E sou do tempo
em que os seres riam”
João Gualberto
“E sou do tempo”

Um comentário:

  1. Parabêns para vcs, sempre soube que tinham muito talento,gostaria de saber como faço para adquirir o livro,
    Atenciosamentew,
    PE

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