sexta-feira, 20 de março de 2009

Memórias de um velho com memória

É hoje o lançamento das “Memórias” de Eloy de Souza.
Do tempo em que político local sabia ler e escrever.
(Que ninguém vista a carapuça, pelamor de deus.)
Na mesma onda e fornada, seguem as segundas edições de mais três livros de Octacílio Alecrim – “Ensaios de literatura e filosofia”, “Fundamentos do standard jurídico” e “O sistema de veto nos EUA”.
Há quem diga que, ao contrário de “Província submersa”, esses três não assim nenhuma Brastemp.
Essencial, sem dúvida alguma, é o “Província submersa”. Que teve a segunda edição lançada num evento semelhante, coisa de ano atrás, na mesma província de hoje: Macaíba City. Terra de Alecrim. E de Auta de Souza e Henrique Castriciano. Eloy de Souza foi o único dos irmãos a nascer no Recife. Lembram? Publiquei por aqui o início do seu memorial: “Nasci a 4 de março de 1873 no velho sobrado de azulejos, situado entre a Tamarineira e Mangabeira de Baixo...” Etc. etc.
Como conta Cascudo na apresentação, Eloy de Souza era já um – com o perdão da palavra para os ouvidos e olhos dos que rezam pela cartilha do politicamente correto – “velho”, quando se decidiu a escrever o que viveu. Besteira. Ele mesmo, salvo engano, queria botar no título: “Memórias de um velho”. Parcialmente ditado por um Eloy já octogenário e datilografado por um Cascudo ainda cinqüentão, “Memórias” teve seu lançamento somente no ano de 1975, pela Fundação José Augusto.
Pois é. A Fundação.
Cascudo conta que as últimas páginas narradas pelo velho Eloy estavam “molhadas de angústia” – “Pelas cicatrizes sentimos o alcance do sofrimento ao receber os golpes inesperados na velhice errante e pobre, buscando a saúde fugitiva.”
Pobre? Como assim, Cascudo?
Afinal, Eloy de Souza foi deputado estadual e federal, líder do governo, senador aos 41 anos. Ah! E jornalista, também, ainda por cima (ou por baixo). Enquanto político manteve relações com Afrânio de Melo Franco, Olegário Maciel, Rodrigues Alves, Afonso Pena, Getúlio Vargas.
Quando Vargas esteve em Natal, durante a interventoria de Mário Câmara, Eloy, como oposicionista, escreveu no jornal A Razão que “nunca havíamos subido as escadas do Palácio e nem jamais subiríamos, nós do Partido Popular, para lhe pedirmos qualquer favor de natureza política ou administrativa. Dele só queríamos e reclamávamos o respeito aos nossos direitos e liberdades.”
Pois, morreu pobre.
*
IMPRESSÃO
Os quatro livros serão lançados hoje à noite, 20h, na Casa de Cultura de Macaíba. O senador Garibaldi Alves Filho deve estar presente, dividindo as honras da casa com o Dr. Olímpio Maciel, grande figura interessada na preservação das memórias de todos nós, potyguares.
Ah. Os livros saem em parceria com a Gráfica do Senado. Tempos de Agaciel.
BICHOS & ETC.
O fim-de-semana no Orla Sul promete eventos para agradar gregos e baianos: domingo, pois, tem o “Domingo Animal”, no estacionamento do shopping, das 11h às 16h, reunindo amantes de animais e profissionais da área – a jovem e a velha guardas podem levar seus bichinhos e trocar umas idéias com criadores, adestradores, veterinários, fabricantes de produtos etc.
Mas passem longe da “Expo Tuba” – vai que os tubarões e peixes exóticos da mostra se agradem de vossa estimação em quatro patas e rabinho balouçante.
Já os exóticos esotéricos podem dar uma espiada na “Feira Mística” – além de consultar os búzios e as cartas, as mocinhas podem embarcar na moda indiana.
Se nada disso lhe agradar, tem a clássica exposição de artes plásticas, com telas de 24 pintoras deste Ryo Grande – na Galeria de Artes.
ÍNDIA
Falando em Índia, depois de “Caminho das Índias” (Globo), “Quem quer ser um milionário?” (Cinemark e Moviecom), a terra de Gandhi é tema de evento da Casa do Bem – a se realizar dia 28, e que, claro, se chama “Índia do Bem”.
Tudo muito espiritual, mas nem por isso desprovido de “lucro” – que será destinado às obras da própria Casa.
O ingresso custa R$ 15, e dá direito à feijoada (vegetariana), saladas, sucos e sobremesas, além de apresentação de capoeira e exibição de filme. No final, rola uma “cantoria de mantras”.
O evento acontece no paradisíaco Vale do Pium, pertinho desta Capital, e mais informações vocês obtêm no local – a Casa de Yoga Sãdhana Pãda. Que, sim, tem celular: 8899.0619.
ÍNDIA II
Mudando de Índia para índia, sei lá por que, me veio em mente Perla.
E Perla cantando: “Índia seus cabelos nos ombros caídos/ negros como a noite que não tem luar”.
Perla, salvo engano, vez por outra aparece nos blogs locais, dançando com os políticos. Locais.
PÊ-BÊ-CO
Bem que Julio Cesar Pimenta poderia convidar a cantora paraguaya para os shows especiais que rolam durante a quarta edição do Festival MPBeco (segunda quinzena de maio).
As inscrições começam hoje.
Não vai ser por falta de com quem falar que vocês não conseguirão mais informações: 8842.7101, 9177.1713, 9416.8016 e 9906.8740.



PROSA
“Natal ainda naquele tempo era uma cidade aldeã em que o prazer de todo mundo era receber e dar ‘bom dia’ e boa noite’ reciprocamente.”
Eloy de Souza
Memórias
VERSO
“Senhor! Por que me fizeste
Com esta dor que me assombra?”
Henrique Castriciano
“O cipreste”

2 comentários:

  1. Bom ter descoberto este blog. A Índia do Bem é uma boa pedida pra quem curte a cultura oriental -mesmo servida no Pium...O mundo é redondo, afinal. Abraço e sucesso.

    ResponderExcluir
  2. Meu caro Mário:
    Tenho acompanhado a história de Eloy de Sousa desde a minha infância (tenho 45 anos). O fato se deve a, desde lá, ouvir da minha avó materna que meu pai era filho daquele senador. Se verdade, sou neto dele, apesar de oficialmente não ter deixado descendência.
    Meu pai nasceu em Natal, no bairro de Igapó, em 1913. Veio na década de 1940 para Sousa (PB), para se empregar no DNOCS, pelo qual se aposentou em 1975, recomendado ao Dr. Paulo Guerra, diretor daquela autarquia, como "o filho do senador Eloy de Sousa".Faleceu em João Pessoa, em 1982.
    Esse assunto sempre foi tabu em minha casa, meu pai nunca falava disso, só minha avó materna, sua sogra, o que o desagradava profundamente. Entretanto, quando meu pai faleceu, tivemos acesso a documentos que ele guardava em um cofre velho. Entre eles, cartas manuscritas de próprio punho de Eloy de Souza, que guardo até hoje, em bom estado. Foram escritas em papel timbrado, ora do Senado Federal, ora do governo do Rio Grande do Norte. Seus colegas de DNOCS e conterrâneos afirmam ser verdadeira a história da sua filiação a Eloy de Souza.
    Sempre fiz pesquisas na internet sobre o senador, sempre sem sucesso. Entretanto, recentemente, me deparei com a notícia da publicação de suas memórias. Enviei e-mail ao jornalista Vicente Serejo, esposo da autora do livro, que se diz neta do senador. Na correspondência, anexei parte das cartas, que digitalizei por medo da sua depreciação. Gostaria de apresentar esse material a alguém ou alguma instituição que cuida da memória do senador. O interessante é que meu pai guardava grande semelhança física com o senador, que o teria tido fora do casamento com uma retirante do interior de Currais Novos, Maria Luíza, que foi morar em Natal, e lá teria tido o suposto filho do senador. Entre os documentos encontra-se, também, um exemplar de A República, do dia da morte do senador, em 07/10/59.
    Sou advogado, resido em Sousa, e meus telefones são (83)36651101 e 88989473.
    Atenciosamente,
    Gilson Marques Evangelista

    ResponderExcluir