Quando falo em filme cabeça me refiro aos ditos “cult” – Antonioni, Kiarostami, Von Trier e que tais.
Quando falo em brasilianista, leia-se carioca-típico-do-Projac, ou seja, padrão – para o bem, para o mal – globo de qualidade.
Então, por mil pipocas, por que cargas d’água sair de casa para assistir um filme da Globo no cinemão?
Já falei: falta do que fazer.
Mas a verdade é que dá pra rir um bocado no filme e com o filme, embora se saia dele com quase nenhuma lembrança do que seu viu, a não ser a boa impressão que deixa a atriz Lilia Cabral.
Lília Cabral, caso o leitor ou a leitora não seja noveleiro, é aquela que andou levando uns tapas do marido em recente novela das oito, e que quase-quase namora a Paula Burlamaqui.
A Paula Burlamaqui... ah, vão procurar no Google!
Feito eu, que fui procurar o nome de Alexandra Richter (que eu nunca vi mais gorda nem magra) e que segura, numa boa, ótimos diálogos com Cabral, a Lilia.
As duas protagonistas são o melhor que o filme oferece. Os diálogos, também. Mas o roteiro é meio desconjuntado, parece mais uma sucessão de esquetes engraçadinhos montados um atrás do outro simulando uma história. Também a câmera, que se mexe pra lá e pra cá (em não poucos momentos do filme sem motivo algum) é ainda mais desconjuntada. Tentativa, talvez, do diretor de simular um filme independente, americano ou europeu que seja, pouco importa: o lance todo é muito Jacarepaguá.
Culpa, claro, dos galãs de plantão, José Mayer, Reynaldo “Janequíni” e Cauã não-sei-das-quantas.
Pois não é que a Lilia Cabral, danadinha, se deita com todos eles? Se deita, claro, modo de falar.
Deitar, mesmo, ela deita no divã, onde fala, fala – como fala, a Lilia, no filme, no divã!
Não à toa: a história é toda costurada pelas sessões – estereotipadas – de psicanálise. Tudo pra no final descobrirmos que aquele sujeito calado, o analista (de quem se vê só a nuca), somos nós mesmos.
*
PSYCHO
Aliás, começa hoje a 13ª edição da Jornada Nordestina de Psiquiatria, realizada pela Associação Brasileira (ABP) em parceria com a Associação Norte-rio-grandense de Psiquiatria (ANP). No Hotel Serhs.
O tema central é “Contribuições das neurociências à prática clínica psiquiátrica”.
LELÉ
Hoje tem projeto Poticanto: Lelé Alves interpreta composições de Enoch Domingos (ex-Impacto 5, ex-Flor de Cactus).
No Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, o TCP. De grátis.
CHOSE DE LOC
Hoje tem também o pontapé inicial (estamos na Copa) das comemorações do Ano da França no Brasil: a Fundação Zé Augusto entra em campo (estamos na Copa) com o espetáculo “Chansons” – que vem a ser, pois não, “canções” na língua de Proust e Carla Bruni.
Apresentado pela cantora potiguar Alzenyr Nelo, a estréia é hoje, no Teatro Alberto Maranhão, e segue amanhã para o País das Balas Chovidas, no Teatro Dix-Huit Rosado Maia.
No repertório (estamos na Copa), só craques – de Édith Piaf a Henri Salvador.
CAÇA
Os vinte anos do Ibama foram homenageados na Assembléia Legislativa deste Ryo Grande. Ontem.
É claro que ninguém lembrou a morte de Emanoel Josian Barbosa, o “Neguinho”, morto no último dia 22 enquanto caçava arribaçãs – e era caçado por fiscais do Ibama.
XANANAS
Julinha Arruda quer embelezar ainda mais a cidade: a vereadora vai apresentar projeto para plantar xananas em todos os canteiros, praças e logradouros desta Capital Espacial do Brazil e sede da Copa do Mundo.
Hum.
Sei não.
Muita xanana junta é um perigo.
NEVE
A propósito, pra quem está mal de bolso, um buquê de xananas pode ser boa opção pro dia dos namorados.
Pra quem pode, restam os shoppings – no de Cidade Jardim, quem compra ganha cupom e concorre a uma viagem a Bariloche, Argentina.
Mas tem que escrever uma declaração de amor melhor que todas as outras.
R.I.P.
Segue até o dia 10 de junho, no Salão Nobre da não menos nobre Assembléia Legislativa deste Ryo Grande, a exposição “Metamorfose na arte”, do artista Rhasec, que passeia seu labor entre a pintura e a escultura.
O release informa que Rhasec se encontrou como artista em lugar inesperado: o cemitério Morada da Paz.
PROSA
“Acaba-se por entender que uma pessoa inteira não pode ser usada como medicamento: é um medicamento complexo que contém também uma forte proporção de veneno.”
Italo Svevo
Argo e seu dono
VERSO
“sinto-me estrangeiro dentro de mim.”
Napoleão de Paiva
“a mulher proibida”
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