quinta-feira, 2 de julho de 2009

Twist e Twitter


Envelhecer é descobrir que o mundo é lugar dos mais estranhos. Dos mais bizarros. Não assisti em tempo real a onda do twist, mas foi quase como se tivesse visto – e ouvido: o supra-sumo da dança é a musiqueta “Let’s twist again”, que todo mundo sabe ao menos cantarolar o refrão-título. O ano da safra é 61, canta um carinha chamado Chubby Checker. O troço rendeu mais que outra grande onda – o bambolê. Tudo americanada, me dirá o leitor, leitora radical. Por certo, meninos, a América, então hegemonicamente, dominava o mundo, o mundo adorava ser dominado pela América, deus a salve e tudo mais.

O certo é que o twist nunca deixou de pontuar a produção da indústria cultural nas últimas quatro décadas, embora nunca mais com a febre de antão. Ainda assim, não é twist o que dançam Uma Thurman e John Travolta no cultuado “Pulp fiction” (1994)? E não é um proto-twist a alucinada seqüência de abertura para os créditos de “Cidade dos sonhos” (2001), de David Lynch?

Pois, quarenta anos depois do twist assisto, em tempo real – desde que esteja conectado em banda larga, claro – mais uma febre cultural galopante, mais uma alucinação globalizada, mais um chiclete grudado na massa que passa nos projetos do futuro: o twitter.

Todos estão tuítando. Se até o senador Zé Agripino Maia está, é de se esperar tudo e um pouco mais.

Por exemplo: “O deputado federal Felipe Maia (DEM) expressou pelo Twitter sua preocupação com a insegurança generalizada em Natal. E registrou para os muitos seguidores a violência na madrugada da Praça das Flores, no centro de Petrópolis, com assaltos e roubo de automóveis.”

As aspas – como na cartilha do autor – são de Alex Medeiros, que já avisou: não tem mais página no orkut e só se comunica por email ou twitter.
 E se apressou em informar alguns companheiros de tuitagem – o (jornal) The New York Times, e o (jornalista) Jânio Vidal. Um no norte outro no sul.

Mas não pensem que é tudo invenção do demo ou dos democratas tupiniquins e franqueados, embora tenha sido um democrata americano, o black Barack, um dos que acenderam o estopim – reconhecido até por uma multinacional da telefonia celular, em folder publicitário: “Mas a bola da vez é a rede de posts telegráficos Twitter, principalmente depois que ganhou um garoto-propaganda de peso, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que usou a rede de microblogs como um dos pilares de sua campanha.”

Olha as voltas que o mundo dá: agora, salvo engano, nove entre dez políticos deste Ryo Grande usam o troço – pra quê, não sei, mas há de se apegar a alguma coisa, seja lá um santo ou a imagem de uma santa, um festival de quadrilhas ou um showzinho grátis, que os tempos de dentaduras e óculos estão se modernizando e o povo – ah, o povo – também.

Mas, saindo do microblog pro (já velho) blog, tem chamado a atenção como os blogueiros e blogueiras deste Arraial Junino de Quadrilhas Estilizadas se esmeram em ler por primeiro a imprensa do Sul Maravilha pra repassarem a notícia, em “primeira mão” pros leitores nativos. E, nesse ponto, lembram os passos desconjuntados do twist – afinaL, é preciso muito jogo de cintura e rebolado pra se manter no passo.

*

palácio

“Larissa Borges é uma moça muy fina. Gentil, delicada, distribui sorrisos, ‘por favor’ e ‘obrigada’ a quem lhe cruza o caminho. Tem um estilo clássico. Sempre impecável. Educada, não fala palavrão, e durante as fotos ainda descubro que nunca fez aquele gesto clássico com o dedo que Amy adora fazer para os paparazzi. É uma princesa. Que não vive num castelo, mas administra um palácio.” – Gladis Vivane, na revista eletrônica Salto Agulha, sobre as fotos da proprietária do Versailles, em sessão de maquiagem que a transformou em Amy Winehouse.

BEAT IT

A próxima transformação já está agendada: um conhecido publicitário se transformará no (finado) Michael Jackson – enquanto vivo, claro.

THE MAN

Os candidatos-a-qualquer-cargo-2010 bem que podiam se submeter aos pós e blushes e mágicas de Nalva Melo para se transformarem no fenômeno Obama.

FIGA

Se preparem, homens, mulheres e crianças de muita fé: a partir de hoje começam a ser vendidos os ingressos para o show do Padre Fábio de Melo, na livraria do Midway.

Quem for contra a demolição do Machadão e Machadinho pode aproveitar para dar uma rezadinha no, digamos, espetáculo – que vai ser no ginásio, dia 25 de julho, às 21h.

Romântico

A nação Guesa de Sousândrade: uma narrativa em viagem”, de Ana de Santana, é o lançamento do dia – no terceiro piso do Midway? Não, na Potylivros da Salgado Filho, 19h.

PROSA

“Após vários contatos, fiquei sabendo ser muito difícil a comunicação entre os que aqui estão com os que aí ficaram.”

Tácito Costa

Perigo Iminente

VERSO

“Como a serpente olha a velha pele – / Cresci para fora do meu tempo.”

Marina Tsvetáieva

“De nós nada...”

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