sábado, 25 de abril de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Adriano de Sousa

O poeta Adriano de Sousa confirma o iminente, eminente, lançamento da revista coletiva Perigo Iminente, comemorativa do centenário da fala futurista de Manoel Dantas, e entrega, de lambuja, um acepipe da publicação, poema sem título de sua autoria que segue abaixo e por todos os lados desta coluna, sábado, vésperas do nascimento de Manoel Dantas. [Que, aqui no espaço estreito deste blog, fica ainda mais comprometida a sua diagramação, do que na página do jornal - mas, paciência, entre linhas mortas e parágrafos feridos, salva-se sempre o poema:]



turistas
proletários
fotografam
futuristas
sem futuro
retirados
(ex oficio)
na feirinha
de pium

as coisas coisam
o mar mareja
o verão veraneia
o sol soluça
moscas
brancas
(da mooca)
mastigam
onomatopéias
tapuias
mangam
da gente
no mangai

línguas
digitais
lambilambem
ex-futuras
operadoras
de telemarketing
as princesas
do balneário
apuram
a raça
expõem
nas vitrines
turbinadas
para otários
suas jóias depiladas
(heil, hitler!)

brailles cabeludos
libras lúbricas
scats vikings
codificam
a gramática
da putaria

óxente
tu-en-ti o quê
tu-en-ti uma porra
gringo fela da puta
fifiti, meu filho
fiii – fiiii – tiii
visse?

os corpos
dissolvem
a história
a natureza
dissolve
os rostos
de costas
para o sertão
de frente
para o oceano
índios opilados
esperam
o escrivão d’el-rey

iéis, meu patrão
o futuro passou
por aqui
nós o vimos
ir por ali
a passo de jegue
digo melhor
a passo de dromedário
tomar a barca da redinha

[Adriano de Sousa]

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