quinta-feira, 9 de abril de 2009

Nem tudo acaba em pizza

Como o jornal chega manhã cedinho, eu deveria falar em pão. Quentinho, fresquinho, crocante. Alguém me disse um dia que o meu hábito de comprar pão pela manhã vinha dos meus exílios europeus, que o potyguar tradicionalmente compra pão no fim da tarde, horas crepusculares.
Mas aí me chega um release, assim, meio engraçado, e me vejo quase obrigado a falar em pizza, enquanto a alvorada e todos os seus clarins entram pela janela do leitor, leitora. Que diz o release? Diz que o Ocean Palace Resort, Beach & Bungalows ampliou a sua Pizzaria La Luna – e que a nova versão “obedecerá aos pré-requisitos de uma pizzaria nobre”.
Que pré-requisitos são esses, desconheço. Quanto à nobreza, pizza boa deve ser simples, fina, crocante e – pelamor dos céus – sem borda de catupiry. Ou seja, quanto mais plebéia, melhor.
O dizem os italianos, e eu vou na onda. Comi uma pizza em Nápoles que meus amigos, “tutti buona gente”, literalmente, afirmaram ser a melhor do país. Confesso que era boa, mas minhas papilas gustativas não chegaram a tal grau superlativo. Acho que a primeira vez que eu comi pizza, já não devia ter os dentes de leite. (Na Casa da Maçã, ícone inconteste da minha geração, não tinha pizza. Uma vez comemoraram meu aniversário – seis? sete anos? – no Kasarão: o sanduíche mais sofisticado era um queijo-e-presunto no pão de forma cortado na diagonal.)
Mas, voltemos à pizza. Em Roma, uma ótima pizzaria, ao menos das que freqüentei com certa assiduidade, tinha também os piores garçons: a espera por uma mesa era longa, mas assim que você educadamente limpava os lábios, o garçom maleducadamente se apressava em recolher a toalha, trazer a conta e praticamente expulsá-lo da cadeira para uma nova turma se aboletar. Nada de papo furado.
Mas Roma é também famosa pela “pizza al taglio”, a pizza em fatias. O cidadão urbano, entre um ônibus e outro, pára um instante no balcão que dá de cara pra calçada, manda cortar o tamanho desejado, e sai andando pela rua com a pizza na mão.
Pois, aqui em Natal tem uma pizzaria parecida e que contraria aquele meu dito citado inicialmente: o da pizza fininha. E crocante. A pizzaria “Índios”, em que pese o nome esquisito, é das boas, pizza gorda, bastante massa. Fica ali na Rua Açu, quase vizinho à Catedral Nova, quase diagonal com a lateral do Cine Rio Grande, pertinho de onde foi a Casa da Maçã.
O proprietário é italiano e, olha só, não criou no seu espaço uma “ambientação italiana” como a do Ocean, nem tem “mobiliários adquiridos na Reveste, uma das principais grifes nacionais do setor de restaurantes”, como ensina o release do Palace Resort, Beach & Bungalows. Ao contrário: o espaço é decorado com enormes vasos em cerâmica marajoara, que também estão à venda. Explica-se: o dono viveu anos no Pará. Fiquei de voltar lá um dia para conversar mais e, claro, comer. Mas como minhas noites nem sempre acabam em pizza, ainda não aconteceu.
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BLUE
É hoje – e amanhã também – que o Aprecie (Rua da Lagosta, Alagamar) recebe o bluesman Larry McCray. Senhas individuais entre R$ 20 e R$ 30, mesas a partir de R$ 50, podendo chegar a R$ 210 (sete cidadãos). Ligue e se informe: 9117.1757.
A promoção extra é bisonha: um litro de Teacher’s e uma bruschetta por 50 contos.
6,5
Anotem aí as atrações já confirmadas do projeto Seis e Meia – em abril: Joanna (dia 14), Jessier Quirino (21) e Alex Cohen (28). Em maio: Dudu Nobre (dia 5), Rita Ribeiro (12) e Wando (19).
O Seis e Meia acontece em Natal (no Teatro Alberto Maranhão, terças-feiras) e em Mossoró (no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado e às sextas)
O preço dos ingressos não é desculpa pra não ir: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
ECLÉTICO
Conhece Arleno Farias? Eu também não.
Mas muita gente parece conhecer o rapaz, potyguar de nascimento, compositor e músico que passeia pelo pop rock, MPB, forró, reggae, rap, trance e drum’n’bass.
E, se não conhece, vai conhecer: a agenda do moço para este mês começa dia 5 em Beagá, nas Geraes, passa pelo Espírito Santo (Vitória, Guarapari, Regência), São Paulo e Natal – onde se apresenta na Assembléia Cultural dia 29.
KULTUR
Quem sabia que os Correios têm Centros Culturais no Rio e em Salvador, mais dois Espaços Culturais em Fortaleza e Juiz de Fora, levante a mão.
A minha tá bem abaixadinha, remoendo ainda que Fortaleza, além do mais, tem também um CCBNB.
Pois, as inscrições para a seleção pública de projetos culturais para Centros e Espaços já estão abertas (até dia 29): acesse www.correios.com.br/institucional e clique no link “patrocínios”.
Artes visuais e cênicas, audiovisual e música, são os segmentos contemplados, e a grana é de responsa: R$ 4,19 milhões.



PROSA
“Eu sempre desconfiei muito daqueles que nunca me pediram nada. Geralmente os que sentam à mesa sem apetite são os que mais comem.”
Getúlio Vargas
[citado pelo Jornal do Brasil]
VERSO
“Ninguém tira leite em bode
Nem transforma areia em sal.”
Esmeraldo Siqueira
“Carta a Eugênio Neto”

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