terça-feira, 7 de abril de 2009

Clint

Mulher de amigo meu é homem, ia pensando o sobrescrito enquanto se dirigia à fila de “Gran Torino”, noite dessas.
Que direi então sobre o homem do amigo meu?
Pois, Clint Eastwood – e o sabe cada guardanapo da Bella Napoli – é de Alex Nascimento, ninguém tasca, e o poeta e dicionarista, se não o viu primeiro, pouco importa.
Então, me sinto meio sacana quando dou umas olhadelas indiscretas pro ator interpretando um pouco de si mesmo na macheza viril e bruta do seu personagem no filme dele mesmo, ator e diretor, diretor e ator.
Fazer o quê? O cara tá na telona, em rugas que não têm tamanho, numa testosterona exuberante entre a potência e a senilidade.
Aperta os olhinhos, Clint, desabrocham rugas nos cantos dos olhos que pedem, urgente, urgentíssimo, litros de botox, e mais: clamam por um chapéu de caubói, um cigarro de palha e um colt de cano longo na cartucheira.
O Clint de “Gran Torino” é a rabugem em pessoa. Brigou com os filhos, os netos, as noras, o padre católico que convenceu ou foi convencido pela mulher recém-falecida a pegar a todo custo uma confissão do agora viúvo. E está pronto a brigar com os vizinhos, todos orientais. A três por quatro solta um rosnado entre dentes, como um cão assolado e acuado – no caso do personagem, assolado e acuado pelo mundo que se movimenta cada vez mais rápido e vira cada vez “menos americano”, com os novos imigrantes latinos e asiáticos se misturando conflituosamente entre os velhos imigrantes italianos e polacos (sem falar dos afroamericanos) – como é polonês essa nova encarnação do velho Clint, vulgo Walt Kowalski.
“– Wally”, tenta a intimidade o jovem e imberbe padre. “– Me chame de Sr. Kowalski”, responde Clint, que, embora distribua socos e pontapés e continue sacando revólveres mais ou menos imaginários, assume o ocaso da própria vida real, num cansaço que passa também para a película.
Depois de “Bird” (1988), “Coração de caçador” (1990), e dos mais recentes “Sobre meninos e lobos” (2003) e “Menina de ouro” (2004), o Clint Eastwood diretor está ficando realmente velho e acabado. Mas ainda novo e conservado como o Ford Gran Torino que guarda na garagem com zelo de macho e ciúme de fêmea.
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SACRO
Pegando carona na Semana Santa que se avizinha, o colégio CEI realiza hoje, 19h, o 3º Recital de Música Sacra, no auditório da Unidade I da escola, conjunto Mirassol. A Orquestra de Câmara, a soprano Alzeny Nelo e o violoncelista Fábio Presgrave interpretam Bach e Vivaldi, entre outros.
PIXINGUINHA
Termina hoje as inscrições – só pela internet e de grátis – para as oficinas de capacitação profissional para músicos deste Ryo Grande interessados em participar do Projeto Pixinguinha.
Envie release, currículo e, em no máximo seis linhas diga o porquê de vosmicê ser um dos 50 participantes – para o email oficinatal@gmail.com.
As oficinas acontecem dias 22 e 23 de abril e têm como palestrantes/debatedores Ana Terra, Cacá Machado, Maurício Bussab e Pérola Akerman.
O VENDEDOR DE LIVROS
“Uma grande vontade de trabalhar numa livraria e uma gigantesca paixão por literatura” levaram o escritor Lima Neto a duas conquistas: a primeira, como vendedor da Siciliano, a marca de hum milhão de reais em livros vendidos; a segunda, como escritor, a lançar seu primeiro livro, “Uma história em cinco vozes ”.
A apresentação é de Valério Mesquita e a revisão de Nelson Patriota. Hoje, na livraria do Midway, 19h.
GREVE
A greve dos professores espalha suas conseqüências muito além dos bancos escolares: o XIII Passeio Ecológico do Visconde de Taunay, programado para sábado passado, foi adiado porque seu público-alvo era preferencialmente a estudantada.
Na dúvida, o 7º Batalhão de Engenharia de Combate programou para um futuro próximo, mas nem tanto: o mês de maio.
TOQUE
Paulo Laguardia é quem repassa a informação: para oferecer uma mamografia gratuita diariamente a mulheres de baixa renda, basta acessar o sitio www.cancerdemama.com.br e clicar no banner “Campanha da Mamografia Digital Gratuita” – não custa nada, mas é pelo número de cliques diários que anunciantes garantem os exames.
FALECIMENTOS
A morte de Darce Freire Dantas de Araújo e Leônidas Ferreira deu-se no espaço de um dia atingindo ainda mais duramente Cabeto, Aninha, Thaís e Arthur, que perderam os pais, os sogros, os avôs. A vida continua, sim, mas nem por isso menos dolorosa, aliás.



PROSA
“Porque não há morte para aqueles que não são amados, mas há uma única e que dura sempre, para os que foram muito.”
Lúcio Cardoso
Diário completo
VERSO
“Leva-me, amor, todos os meus amores:
Que tens agora a mais que não te déssemos?”
Shakespeare
“Soneto XL”

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